"Não preciso dessa hipótese", disse Laplace a Napoleão quando o imperador francês perguntou pelo lugar de Deus no seu sistema do mundo. O recado é claro. Se não há lugar para Deus numa explicação teórica sobre o mundo, porquê deveríamos nos preocupar com Ele?
O quadro do mundo só comporta peças que tenham função. Ou seja, peças que funcionem para produzir o funcionamento de outras peças e assim produzam o funcionamento do todo, da máquina inteira. Entretanto, se peças precisam de outras peças para funcionar, onde acaba isso? O mecanicismo aparece sempre como um modelo incompleto. Não é à toa que tantos se dedicaram ( e se dedicam ) à busca do motor perpétuo ( alguém aí lembrou do Motor Imóvel ??).
O quadro do mundo só comporta peças que tenham função. Ou seja, peças que funcionem para produzir o funcionamento de outras peças e assim produzam o funcionamento do todo, da máquina inteira. Entretanto, se peças precisam de outras peças para funcionar, onde acaba isso? O mecanicismo aparece sempre como um modelo incompleto. Não é à toa que tantos se dedicaram ( e se dedicam ) à busca do motor perpétuo ( alguém aí lembrou do Motor Imóvel ??).
As relações entre a Navalha e a ontologia são mais complexas que parecem à primeira vista. Dissemos anteriormente que, ao explicar um evento existente qualquer, postulamos a existência de outros eventos que atuam em conjunto como causas daquilo de desejamos explicar. Nem sempre é assim. Há as correntes instrumentalistas para as quais as teorias não passam de instrumentos de predição e de controle do mundo e que nada têm a ver com conceitos de verdade ou falsidade ou existência. Ou seja, uma teoria é boa se funciona empiricamente, para fins práticos. É como um martelo ou uma chave de fenda. Se funciona, ótimo!
Nessa perspectiva as coisas se dão diferentemente. Se para explicar um fenômeno existente X preciso de Y e Z, NÃO necessariamente estou afirmando a existência de Ye Z. Importa que os cálculos sejam simplificados pelo uso de Y e Z como elementos da explicação e que, com isso, as predições sejam mais precisas.
Agora a Navalha não corta somente o que é desnecessário à explicação, mas também os próprios elementos da explicação teórica. O caráter prático da Navalha, como um princípio de simplificação, passa de seu papel auxiliar na pesquisa para o papel principal. Simplificar é o lema. Na verdade, agora se podem multiplicar as entidades, desde que seja para simplificar os cálculos.
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