sábado, 20 de outubro de 2007

Sobre a Navalha de Ockam


Muitas coisas interessantes poderiam ser ditas sobre o princípio metodológico da Navalha de Ockam. Contudo, o que mais me interessa é aquele ligado à ontologia. O princípio da Navalha diz, em poucas palavras, que não se deve multiplicar entidades para explicar um evento. Ou seja, se para explicar X alguém só precise de Y e Z não é necessário complicar as coisas acrescentando outras causas. Numa linguagem mais popular, poderia-se dizer que não se deve utilizar um canhão para matar uma mosca.

Alguns dizem que este é um princípio próprio da racionalidade. Entretanto, já se mostrou que tal princípio não é sempre aplicável, nem mesmo auto-evidente. Nele está subentendida a idéia de que a natureza é simples e que a economia e a elegância são valores epistemológicos.

A ciência passou a usá-lo como regra metodológica sem querer envolver-se em discussões filosóficas acerca de sua justificação racional. Afinal, para todos os fins práticos, essa regra facilitava as coisas, principalmente os cálculos.

O problema aparece quando a Navalha deixa de ser usada como um instrumento metodológico ( ainda que controverso ) com fins de economia e simplificação prática e passa a ser usada com pretensões ontológicas. Em outras palavras, quando se pretende determinar quais entes existem no mundo a partir da aplicação da Navalha.

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