Como dito no post anterior, Aristóteles afirmava que, abstraindo-se a matéria dos exemplares concretos de um ser vivo, apreendemos a essência ou Forma de um determinado genus.
Assim, abstraindo da matéria que individualiza um sapo hic et nunc, apreendemos a essência do que é o ser sapo e a partir daí podemos estudar suas partes materiais que estão organizadas de modo a realizar a Forma.
Cada sapo particular, em seu processo de desenvolvimento, tende à realização materializada da Forma que é a essência do ser sapo. É por isso que a natureza é inteligível. Cada exemplar concreto de sapo é conhecido por sua Forma, aquilo que o caracteriza como tal.
O que aconteceria então se a Forma evoluísse no tempo? Se a natureza de cada ser vivo não fosse a causa final realizando-se temporalmente em cada exemplar concreto?
Primeiro, se houvesse tal evolução da Forma um conhecimento verdadeiro dos seres vivos não seria possível. Uma vez que a Forma evolui, o sapo concreto nada mais é que um exemplar de uma conformação momentânea de uma Forma mutável.
E se, como afirmam os evolucionistas modernos, cada espécie evolui no tempo sem teleologia e sem garantias de sobrevivência, cada animal concreto representa nada mais do que um momento passageiro de mudança que não alcança nenhum termo. Nem mesmo se pode dizer que se conhece uma espécie, uma vez que a conformação que se apresenta hoje não era a mesma do passado e não será a mesma no futuro.
Qualquer classificação de espécies será então baseada em um corte arbitrário e intrinsecamente momentâneo numa história evolutiva que não apresenta mais do que mudanças aleatórias ambientalmente selecionadas.
A segunda consequência imediata seria a incapacidade de conhecer as funções das partes dos seres vivos. Uma vez que não há uma Forma essencial (para a realização da qual se organizarão as partes materiais), então cada parte revela somente um equilíbrio momentâneo cuja função não se relaciona com a realização de uma essência.
Nem mesmo se poderia chamar a organização momentânea de estágio ou etapa, pois este termo pressupôe a idéia de teleologia. Ou seja, se a organização do ser vivo nada mais é do que um momento na evolução sem um fim predeterminado, então falar de estágios se torna ininteligível pois a idéia de estágio inclui necessariamente a de atualização gradual de um fim determinado.
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