"And new philosophy calls all in doubt,
The element of fire is quite put out,
The sun is lost, and th'earth, and no man's wit
Can well direct him where to look for it.
And freely men confess that this world's spent,
When in the planets and the firmament
They seek so many new; they see that this
Is crumbled out again to his atomies.
'Tis all in pieces, all coherence gone"
JOHN DONNE (1571-1631), An Anatomy of the World
O poeta e padre anglicano John Donne, contemporâneo da revolução copernicano-galilelaica, testemunha nesses versos toda a perplexidade e ceticismo que advinham da perda da Tradição aristotélica.
O sentimento de perda é expresso pela afirmação de que o Sol e a Terra se foram e que não há quem possa indicar onde estão. O Sol e a Terra, representam aqui, respectivamente, o mundo supralunar perfeito e o mundo sublunar cambiante, pólos principais da ontologia hierárquica que caracteriza o Cosmos aristotélico em que cada coisa tem seu lugar determinado por sua natureza.
Os homens procuram nos céus novidades e não mais confiam na sabedoria dos antigos. O que se segue é um mundo feito em pedaços. E esses pedaços são átomos, em referência provável ao ressurgimento das doutrinas atomísticas e sua defesa por parte dos inovadores científicos como Galileu.
Toda coerência se foi, pois todo lugar natural se foi. Quais serão agora o lugar da Terra e do homem? Não mais aquele herdado dos antigos. Mas o que se afigura, nas idéias dos inovadores, é um mundo que dificilmente pode ambicionar receber tal nome. Essa é uma ruptura que levará séculos para ser compreendida em todas as suas consequências. E talvez nem mesmo hoje possamos dizer que a compreendemos.
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