"Fazendo do que é matemático o fundo da realidade física, Galileu é necessariamente levado a abandonar o mundo qualitativo e a relegar a uma esfera subjetiva, ou relativa ao ser vivo, todas as qualidades sensíveis de que são feitas o mundo aristotélico. A cisão é, portanto, extremamente profunda. Anteriormente ao advento da ciência galileana, certamente com mais ou menos dose de acomodação e de interpretação, aceitávamos o mundo que se oferecia a nossos sentidos como o mundo real. Com Galileu, e depois de Galileu, presenciamos uma ruptura entre o mundo percebido pelos sentidos e o mundo real, ou seja, o mundo da ciência. Esse mundo real é a própria geometria materializada, a geometria realizada"
ALEXANDRE KOYRÉ
Segundo o grande Alexandre Koyré, o que caracterizou a revolução científica do século XVII foram a dissolução da idéia de cosmos e a geometrização do real.
A geometrização levada à cabo por Galileu e seus sucessores, por sua vez, tinha como base a idéia de que o real não era formado por qualidades como odor, cor, sabor e sim por formas geométricas. Estas, para um aristotélico, nunca passariam de abstrações. Para os galileanos, elas eram a verdadeira natureza do real.
Inaugura-se uma física cujos princípios têm sua base em um mundo geométrico, abstraído de todas as características do real captado diretamente pelos sentidos. Para que o princípio de inércia possa afirmar que o movimento sem obstáculos, resistências e atrito seria eterno, é necessário um modelo geométrico totalmente abstraído das condições normais do cotidiano que todos presenciamos.
Um mundo cuja natureza é geométrica, quantitativa, não tem lugar para a idéia de um cosmos limitado, organizado hierarquicamente com lugares naturais, do mais nobre ao menos nobre, etc... O geométrico nivela tudo. As leis do supralunar, por exemplo, não diferem mais daquelas do sublunar.
Na nova física, os sentidos não captam mais o real. Este deve ser alcançado ultrapassando as brumas enganadoras dos odores, sabores e cores até a pura esfera do geométrico.
A geometrização levada à cabo por Galileu e seus sucessores, por sua vez, tinha como base a idéia de que o real não era formado por qualidades como odor, cor, sabor e sim por formas geométricas. Estas, para um aristotélico, nunca passariam de abstrações. Para os galileanos, elas eram a verdadeira natureza do real.
Inaugura-se uma física cujos princípios têm sua base em um mundo geométrico, abstraído de todas as características do real captado diretamente pelos sentidos. Para que o princípio de inércia possa afirmar que o movimento sem obstáculos, resistências e atrito seria eterno, é necessário um modelo geométrico totalmente abstraído das condições normais do cotidiano que todos presenciamos.
Um mundo cuja natureza é geométrica, quantitativa, não tem lugar para a idéia de um cosmos limitado, organizado hierarquicamente com lugares naturais, do mais nobre ao menos nobre, etc... O geométrico nivela tudo. As leis do supralunar, por exemplo, não diferem mais daquelas do sublunar.
Na nova física, os sentidos não captam mais o real. Este deve ser alcançado ultrapassando as brumas enganadoras dos odores, sabores e cores até a pura esfera do geométrico.
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