"(...) we may be able to learn something by inverting the presumed dependency of progress on rationality. I shall try to show that we have a clearer model for scientific progress than we do for scientific rationality; that, moreover, we can define rational acceptance in terms of scientific progress. In a phrase, my proposal will be that rationality consists in making the most progressive choices, not that progress consists in accepting successively the most rational theories."
LARRY LAUDAN, Progress and its Problems, p.6
Laudan defende que a ciência é essencialmente uma atividade de "problem solving", resolução de problemas. Admitindo que isso seja um truísmo, Laudan afirma que a atividade científica é guiada pela "effectiveness", a eficácia em resolver problemas.
Essa "effectiveness" é caracterizada por uma balança na qual pesam a favor de uma teoria um número maior de problemas empíricos e conceituais solucionados e a não-criação, em contrapartida, de novos problemas.
Esse truísmo (effectiveness) seria o caráter a-histórico principal da atividade científica que historicamente se traduz em tradições de pesquisa rivais formadas, por sua vez, por teorias que compartilham uma mesma série de prescrições metodológicas (entre elas padrões de racionalidade e pesquisa) e asserções metafísicas(sobre o que há no mundo).
O caráter de solução de um problema é determinado não pela verdade, mas por um consenso entre os cientistas de determinada tradição de pesquisa de que o problema foi solucionado. Essas soluções são sempre aproximativas (exatidão variável segundo o objeto de estudo), não-permanentes (gerações futuras podem rever as soluções) e não ligadas à idéia de verdade.
As tradições de pesquisa são avaliadas segundo sua "effectiveness" e essa avaliação é sempre momentânea, histórica, pois não se pode prever o futuro de uma tradição de pesquisa. Uma tradição estagnada pode retomar sua vivacidade no futuro, como já afirmava Imre Lakatos acerca dos programas de pesquisa.
O desconforto com a perspectiva de Laudan se origina, entre outras coisas, de sua opção pragmática fundamental que pretende construir uma teoria da racionalidade científica independente de uma resposta adequada para o problema da determinação da veracidade das teorias. Para alguns (nos quais me incluo), isso parece uma franca admissão de fracasso na tarefa de responder à questão fundamental da epistemologia e da filosofia da ciência.
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