sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Michael Ende e a Arte

"El artista, pues, se halla inmerso en una polaridad -idea y sensorialidad- que ofrece una extrema tensión. Lo suprasensible tiene que ser idéntico a lo sensible. Por eso, lo que pretenden el artista y el poeta no es explicar el mundo sino presentar mundos."

MICHAEL ENDE

Carta de Ende sobre sua concepção de Arte, a função da fantasia e a freqüente acusação de que seu livro A História Sem Fim tenha sido influenciado por idéias do ocultista britânico Aleister Crowley:

http://www.solotxt.com/valverde/ende09.htm

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Filosofia é desentocamento?

" Tudo é fonte. Nada é autoridade."
SIR KARL POPPER



Existe um projeto em filosofia que consiste em afirmar que o processo filosófico é um despertar crítico para o que "está por trás" dos discursos proclamados no cotidiano. Ou seja, a filosofia serviria simplesmente para revelar a mentira através da identificação dos interesses daquele que pretende propor algum tipo de verdade.

Não se pode negar que, de fato, interesses existem por trás de qualquer tese. Mas interesses não são ruins por serem interesses. Há quem se interesse pela verdade, pelo bem-estar do próximo,etc...E há quem se interesse pela destruição do bem, pela anuência dos trouxas, etc...

O problema é quando a crítica passa de análise de argumentos para investigação de origens. Explico: o problema é quando deixo de me preocupar em analisar se o argumento de meu interlocutor é válido, se ele de fato está dizendo algo plausível ou mesmo verdadeiro, e ao invés disso, procuro saber se ele é de direita ou de esquerda, cristão ou ateu, brasileiro ou estrangeiro. Ou seja, quando eu me preocupo com a origem daquele que argumenta.

Há muito que a filosofia tem sido vista sob esse prisma desastroso. E nisso, há interesses sim. E funestos. Ao incentivar a crítica, não a partir de argumentos, mas a partir das origens de meu interlocutor ( sejam elas políticas, étnicas, religiosas, etc...) o que se faz é um movimento de desvio. A atenção é desviada da discussão teórica dos argumentos para a pesquisa biográfica de meu interlocutor.

E isso é um movimento de mão dupla. Se meu interlocutor não merece ser ouvido pelo fato de pertencer a um partido oposto ao meu, a outro credo religioso, ou por qualquer motivo imaginável, por outro lado, qualquer um que espose as idéias de minha seita, ainda que seja uma besta, acaba se tornando uma autoridade incontestável.

Por exemplo, a filosofia que querem ensinar nas escolas não passa, freqüentemente, de propaganda partidária e de catalisador de ressentimentos de classe. Ao aluno é ensinado que, desde sempre, ele é um injustiçado e que há poderes ocultos que conspiram para esconder a verdade.

Desde sempre ele é um traído e o professor de filosofia é o "cara legal" que vai ensinar o aluno a desentocar a verdade, a entender o "que está por trás " de tudo o que ele ouve por aí. " Desconfie de X, Y e Z...não leia esses caras...eles estão do lado de A, B e C que querem que você não saiba disso tudo que só os partidos P e T te mostram."

O passo seguinte, logicamente, é dividir as fontes de informação entre as ideologicamente contaminadas e aquelas que estão do lado do "bem", fiéis, imparciais e objetivas. As fontes tendenciosas serão, é claro, as opositoras. As boas serão as aliadas.
Todos trabalham a partir de premissas. Não há como fugir. O trabalho da crítica é analisar essas premissas e os argumentos que são construídos a partir delas e descobrir qual o grau de evidência dessas premissas, quais suas conseqüências, se elas são validamente deduzidas, etc...
A biografia de meu oponente pode ser interessante, mas não pode se tornar uma cortina de fumaça para escoder fragilidade argumentativa e proteger propaganda ideológica.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Em tempos de Chavez e outros...

" Many socialists have the tragic illusion that by depriving private individuals of the power they possess in an individualist system, and transferring this power to society, they thereby extinguish power. What they overlook is that, by concentrating power so that it can be used in the service of a single plan, it is not merely transformed but infinitely heightened. By uniting in the hands of some single body power formerly exercised independently by many, an amount of power is created infinitely greater than any that existed before, so much more far-reaching as almost to be different in kind. It is entirely fallacious to argue that the great power exercised by a central planning board would be "no greater than the power collectively exercised by private boards of directors." There is, in a competitive society, nobody who can exercise even a fraction of the power which a socialist planning board would possess. To decentralize power is to reduce the absolute amount of power, and the competitive system is the only system designed to minimize the power exercised by man over man. Who can seriously doubt that the power which a millionaire, who may be my employer, has over me is very much less than that which the smallest bureaucrat possesses who wields the coercive power of the state and on whose discretion it depends how I am allowed to live and work? "

Friedrich von Hayek

Versão reduzida de The Road to Serfdom:

http://jim.com/hayek.htm

Em cartoons:

http://www.mises.org/books/TRTS/

domingo, 11 de novembro de 2007

Bento XVI: reacionário ou fiel?


Falaram mal de Bento XVI por dizer que a Igreja Católica era a única igreja verdadeira. mas o que se esperava? Que ele dissesse que tudo vale???? Chamaram-no de dogmático, reacionário e de coisinhas menos elegantes. Mas qual a razão?? Será que alguma igreja, mesmo aquela da esquina que ontem mesmo era um supermercado ou um cinema pornô, acha que não é a verdadeira? Aliás, algum de nós acha que está errado? Todos temos a boa e velha pretensão à verdade. Achamos que estamos certos. Se estamos ou não é outra questão. Se podemos justificar nossa crença é uma questão ainda mais espinhosa.

O Papa representa valores eternos, gostem ou não. O que ele deve defender é uma doutrina que é considerada divinamente revelada. Eu não creio. Ok, mas então o que eu tenho a ver com a crença do Papa e de milhões de católicos? Nada, absolutamente nada. Ele crê no que quer e eu no que quero. Estamos resolvidos.

O Papa é reacionário? É reacionário quem defende os valores que julga verdadeiros??

A maioria dos críticos do Papa nesse caso não passam de medíocres autômatos repetidores dos slogans e fábulas do Iluminismo voltairiano. Sabem eles do que falam ? Conhecem o cristianismo a fundo, a história e a filosofia da Igreja ? Não, é claro. Não é necessário conhecer. A Igreja está errada de saída. Como o rei era desde sempre um usurpador do poder, tal qual os revolucionários gostavam de dizer, assim também a Igreja está errada em qualquer coisa que defenda. " Era melhor que fosse silenciada de vez", é o que pensam secretamente.Consideram-se muito sagazes, mas não agüentam cinco minutos de discussão séria e pesada sobre o mais trivial problema filosófico.

São só tagarelas que não percebem as próprias pretensões e o próprio dogmatismo raso.
Para encerrar, ecumenismo não é relativismo. É sintomático que só possamos pensar em tolerância a partir da dúvida, da incapacidade de discernir a verdade. Toleramos porque não sabemos a quem dar razão. Se soubéssemos...

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Lonergan sobre o conhecimento humano:

"Na investigação humana está presente uma exigência ilimitada de inteligibilidade. No juízo humano está presente uma exigência do incondicionado. Na deliberação humana está presente um critério que critica todo bem finito. "

BERNARD LONERGAN

terça-feira, 6 de novembro de 2007

NONDUALITY




" Changes in one`s train of thought produce corresponding changes in one`s conception of the external world...As a thing is viewed, so it appears. To see things as a multiplicity, and so to cleave unto separateness, is to err."


PADMASAMBHAVA




Citação contida no livro Nonduality de David R. Loy. Um excelente livro sobre as correntes não-dualistas do pensamento hindu e budista. Um estudo comparativo muito interessante dessas escolas de pensamento. O livro, além disso, põe o leitor em contato com a riqueza e sutileza filosófica de pensadores como Sankaracarya e Nagarjuna, ainda amplamente desconhecidos pelo mainstream acadêmico ocidental.